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Necessidade mundial de redução de emissões antecipa a eletrificação no continente
Produzido por José Carlos Secco
A eletrificação dos veículos comerciais, sobretudo para o transporte de passageiros, poderá ganhar uma nova dimensão em toda a América Latina, o que tende a antecipar o processo de transformação.
Essa mudança deve acontecer porque o continente é, em número de produção, o segundo maior mercado global, com cerca de 55 mil ônibus por ano, atrás apenas da China, onde são produzidas anualmente 200 mil unidades.
Essa importância em termos de produção mundial está fazendo com que as principais entidades internacionais e os fabricantes foquem suas atenções para os projetos de mobilidade sustentável nos diferentes países e antecipem a introdução das tecnologias limpas, o que beneficiará toda a sociedade, principalmente a brasileira. Apesar de ser o maior fabricante de ônibus da América Latina e responder por cerca da metade do volume total, o Brasil está atrasado na aplicação de tecnologias limpas.
Hoje, o Brasil é apenas o quarto país do continente em número de ônibus com tecnologias limpas, com 350 veículos. Fica atrás do Chile, com cerca de 820 ônibus, Colômbia, com 590, e México, com 410 unidades. O pior é que desses 350 veículos, 302 são trólebus e a maioria antigos. Somente 48 são movidos a bateria.
É verdade que, do meio do ano passado para cá, várias novas iniciativas foram lançadas de ônibus 100% elétricos e movidos a gás, mas ainda é muito pouco, principalmente porque esses projetos são para o transporte rodoviário ou de fretamento de indústrias e não para o coletivo urbano e nos grandes centros. O número de ônibus urbanos elétricos (sem serem trólebus) não chega a 50 em todo o País. No Chile, por exemplo, são quase 800 veículos, a maioria urbanos, em circulação.
Esse impulso na eletrificação e adoção de tecnologias limpas, como o gás, entre outras, foi destacado no lançamento, em setembro passado, da Busworld Latin America, principal evento de negócios do setor de transporte terrestre de passageiros e que, pela primeira vez será realizada em Buenos Aires, Argentina, em 2022, reunindo os principais fabricantes e empresas do continente.
Segundo Vincent Dewaele, CEO da Busworld Internacional, a América Latina representa 17% do volume global e se tornou o segundo maior mercado do mundo para o transporte terrestre. “Esse crescimento precisa continuar. Acreditamos que os ônibus são a chave para resolver os problemas de mobilidade em todo o mundo”, destacou.
Para o executivo, a realização pela primeira vez do evento na Argentina reforça o objetivo de reunir toda a comunidade mundial de transporte terrestre de passageiros e não apenas as fabricantes de ônibus, fornecedores e prestadores de serviço. “A realização de seminários, iniciativas de intercâmbio de conhecimento e apresentação de novas tecnologias em veículos, permitirá a troca de experiências com outros países mais evoluídos para garantir transporte eficiente, sustentável e de qualidade para todos na América Latina”, enfatizou.
A Busworld Latin America é a única feira de negócios para o transporte terrestre de passageiros na América Latina, com a participação de operadores de ônibus, fabricantes de carrocerias, fornecedores de componentes e peças, acessórios, engenheiros, pessoal de P&D, federações de operadores, federações automotivas, instituições educacionais, acadêmicos, funcionários públicos, especialistas em mobilidade, amadores e todos aqueles ligados à indústria de ônibus. O evento será realizado de 21 a 23 de setembro de 2022 no La Rural Fairgrounds, em Buenos Aires, Argentina.
Buenos Aires sediará a Busworld Latin America, importante feira de negócios do setor do transporte terrestre.
José Carlos Secco é jornalista especializado na indústria automotiva e de transportes, diretor da Secco Consultoria de Comunicação, de São Paulo.
