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E por que não crescem os ônibus e veículos comerciais?
Com o melhor desempenho desde o início de sua comercialização no Brasil, os automóveis eletrificados (100% elétricos e híbridos) cresceram 91,4% nos primeiros oito meses deste ano em relação ao mesmo período de 2020, pulando de 11.179 para 21.397 unidades comercializadas em todo o País.
O incrível e, infelizmente ruim para o meio ambiente e sustentabilidade é que esse crescimento não se reflete nos veículos comerciais elétricos ou eletrificados, pois não representam nem 5% desse volume. Apesar do anúncio das 100 primeiras unidades do e-Delivery e de outras vendas pontuais da BYD e JAC, o País tem avançado muito pouco neste campo.
Sabem qual é o veículo elétrico mais vendido no Brasil nos oito primeiros meses deste ano e que tem fila de espera de seis meses? Porsche Taycan 4S. O modelo custa entre 700 mil e um milhão de reais e foi o escolhido por cerca de 160 abastados consumidores. Mas os veículos 100% elétricos representam somente 5% das mais de 21 mil unidades vendidas este ano no Brasil.
Quase 60% são de híbridos elétricos não plug-in (HEV), com motor flex a álcool, gasolina ou diesel, e cerca de 36% são de híbridos elétricos plug-in (PHEV). Os puramente elétricos (BEV) representam apenas de 5% desse total. O mais vendido entre os híbridos HEV é o SUV Toyota Corolla Cross, com quase quatro mil unidades, e o Volvo XC 60 T8 é o líder entre os PHEV, com mais de 700 unidades.
Os veículos eletrificados (elétricos e híbridos plug-in ou não) ainda representam muito pouco (somente 2% do total de automóveis vendidos no País), mas é o dobro da participação registrada no ano passado (1%) e muito poderia ser feito para a maior conscientização e opção do brasileiro por um veículo menos poluente. Potencial existe, pois se o modelo 100% elétrico mais vendido é um de alto luxo e desempenho esportivo que custa cinco ou seis vezes mais do que as opções “populares” por que não se vende mais dos “baratos”?
Talvez porque quem tem esse recurso pensa duas vezes antes de aplicá-lo na compra de um veículo. Ainda mais se pode comprar o mesmo modelo com motorização convencional por 60% do valor e não se preocupar com os possíveis locais de recarga de bateria. O número de postos de recarga elétrica no Brasil mais que dobrou este ano, de 350 para 754 eletropostos públicos e semipúblicos no final de julho. Os números não incluem pontos de recarga em edifícios residenciais e comerciais privados.
Infelizmente, precisaria haver maior interesse e ações dos governantes para incentivar o consumidor a optar pelos veículos eletrificados. Com preços a partir de 150 mil reais, fica difícil convencer o público a optar pelo eletrificado e ajudar na preservação ambiental se ele pode se locomover gastando 30% desse valor com um modelo flex de entrada.
Na cidade de São Paulo – que possui quase 20% da frota nacional de eletrificados –, em junho passado, o prefeito Ricardo Nunes assinou o projeto de lei aprovado na Câmara Municipal que permite aos compradores de veículos elétricos e híbridos usar os créditos de IPVA a que têm direito para abater débitos de IPTU (cerca de 50%). Mas é preciso muito mais. A alíquota de IPI que incide sobre os eletrificados está entre 11% e 25%, enquanto a de um automóvel flex é de apenas 7%. O consumidor está sendo estimulado a poluir e proteger o seu bolso e não a cuidar do meio ambiente e da qualidade de vida.
Entre os estados, São Paulo é o que concentra a maioria dos veículos eletrificados licenciados, com 35% do total. Minas Gerais vem em segundo, com 8,2%, seguido por Santa Catarina, com 6,6%. O Rio Grande do Sul aparece apenas na sexta colocação, com pouco mais de mil unidades vendidas.
A Toyota é a única fabricante com produção local de veículos eletrificados. Todos os demais são importados. Talvez este seja o motivo de sua liderança esmagadora, com mais de 50% de participação. A Volvo, que no Brasil passou a vender somente modelos híbridos elétricos plug-in, detém cerca de 25%, e a BMW, outros 5%. Os 20% restantes estão pulverizados entre diferentes marcas, inclusive de comerciais leves, como a BYD, que é a vice-líder entre os elétricos, com o BYD ET3.